quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Escala de graduação de qualidade - capítulo aportuguesação

ETIMOLOGIA

Como é possível perceber, a escala de graduação de qualidade veio passando por diversas modificações para atender as necessidades de expressão cada vez mais adequadamente.
Algumas vezes, um problema no qual a escala esbarrava era o do conhecimento básico da língua inglesa para que se começasse a enteder o que era dito. Por esta razão, a aportuguesação da escala foi criada para que ela pudesse abranger uma gama maior de pessoas dentro do Brasil. Vejam só: uma preocupação social.
A aportuguesação surgiu na "verbificação" em português de cada adjetivo da escala musical (note que os precursores R0X e suX são verbos ingleses adjetificados).

ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA

Para se entender o espírito de como usar tais novos verbos, usemos primeiramente exemplos:

Exemplo 1:
- Você viu o que o cara fez?!
- Sim! Aquilo Rockeou!

Exemplo 2:
- Tem certeza que quer fazer isso?
- Claro! MetaLeará!
- Eu acho que vai suckar fortemente!

A seguir, estão listados os verbos derivados da escala já aportuguesados e seus radicais:

Classicalear - Classicale
Metalear - Metale
Rockear - Rocke
popar - pop
suckar* - suck*
pagodear - pagode
funkar* - funk*

Conhecidos os verbos e sendo todos eles regulares, é só conjugá-los da mesma maneira que qualquer verbo na língua portuguesa, como no exemplo a seguir no tempo Presente do modo Indicativo.

Eu Rockeo - popo
Tu Rockeas - popas
Ele Rockea - popa
Nós Rockeamos - popamos
Vós Rockeais - popais
Eles Rockeam - popam

Ainda é possível usar a aportuguesação para a escala na forma 1984. Veja:

- Plus-r0x r0x?
- Não!!! Plus-r0x plus-rockea, ué?!

* O som obedece ao "u" da língua portuguesa.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Balada japa

- Hey, então, vai ter uma balada japa nesse fim-de-semana! Quer ir?
- Bem, apesar de gostar de japonesas, não gosto muito de balada...
- Ah vamos! Ow, cada japonesinha, de saínha aqui! ó... ó...
- Vamos ver.
- Uma vez me mostraram umas fotos dessas baladas japas.
- Mas e aí, é legal?
- Bem, só tem japa!

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Como voltar no tempo

- Então, estamos sendo atravessados por uma chuva de neutrinos a todo momento.
- Mas como atravessados? A gente pode ter câncer por causa disso?
- Não, mas é que eles tem uma velocidade muito grande. Por exemplo, a velocidade dos neutrinos no vácuo supera a velocidade da luz na água!
- Nossa... mas pera aí!
- Que foi?
- Você disse que a velocidade dos neutrinos pode superar a da luz, certo?
- Certo.
- E, teoricamente, pra voltarmos no tempo, precisamos superar a velocidade da luz, certo?
- Certo.
- Então, é fácil! A gente pode encher o universo inteiro de água!
- Ah sim! Como nunca pensamos nisso antes?!

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Escala de graduação de qualidade - Capítulo Musical

ETIMOLOGIA
A escala na sua forma 1984 não estava suprindo as necessidades de expressão com a intensidade desejada. Então, a música serviu de alicerce para a criação da escala de graduação de qualidade na sua forma atual utilizando-se de gêneros musicais. Será apresentada aqui uma breve história da formação da nova escala e seus diversos aprimoramentos. Tudo começou com uma brincadeira como no diálogo a seguir:

- Hey, isso MetalZ!
- Como assim?
- É, plus-r0x!
- Ah sim, mas de onde surgiu esse "MetalZ"?
- Pense comigo, uma coisa mais do que rock: metal! Então, mais que r0x: MetalZ!


Foi então que o gênero Heavy Metal foi escolhido para expressar algo com muita qualidade. No próximo diálogo, é mostrada a criação da mesma criatura para definir o que é muito ruim:

- Credo, que pagodZ!
- O que viria a ser pagodZ?
- Uma coisa ruim... muito ruim por sinal! Nunca ouviu alguém dizer "estava andando na rua, não prestei atenção e pisei naquele monte de pagode" ou "Putz, que pagodão..."?


Mais tarde, os termos ClassicalZ e funkZ foram adicionados de maneira a querer dizer dupli-plus-r0x e dupli-plus-sux, respectivamente.
Mas por que razão mudar a escala anterior? Como é possível perceber, as palavras são bem mais curtas e conseguem demonstrar muito mais emoção do que as da escala antiga.
Por fim, a escala ainda apresentava o mesmo problema que a anterior: não havia nenhum verbete que se referisse a algo neutro. Logo, um outro ser na face da Terra, depois de pensar um pouco após ter sido questionado a dar uma opinião, soltou um "Hummm... popz!". Todos ao redor entenderam de forma natural, afinal, existe coisa mais neutra do que as famosas músicas de elevador, ou o gênero "Alpha FM"?

ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA
- Tirando os originários da linguagem que terminam com a letra X, seus derivados devem terminar com a letra Z.
- Os adjetivos bons devem começar e terminar com letra maiúscula; os ruins, somente terminar. A razão para isso é bem simples: começar com letra maiúscula indica quão nobre são os gêneros escolhidos para coisas boas; terminar com a letra maiúscula reforça a intensidade de cada um. A exceção é o adjetivo neutro, que começa e termina com letra minúscula, mesmo porque popz não fede nem cheira.

ESCALA PROPRIAMENTE DITA
De cima para baixo, a escala sugere o decrescimento de qualidade:

ClassicalZ
MetalZ
R0X
popz
suX
pagodZ
funkZ

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Escala de graduação de qualidade - Capítulo 1984

ETIMOLOGIA
A escala de graduação de qualidade começou com as famosas gírias do inglês se utilizando dos verbos "to rock" para expressar algo bom e, "to suck" para algo ruim. É muito comum ouvir alguém dizendo "this rocks/r0x!" ou "that sucks/sux".
Porém, estas palavras não supriam a necessidade de se expressar algo muito ou exageradamente bom ou ruim. Foi assim que a linguagem criada por George Orwell em 1984 foi aplicada de maneira contrária à idéia expressa no livro de diminuir o vocabulário da linguagem para apenas alguns poucos substantivos e adjetivos: no caso desta escala, tal linguagem serviu para que fossem ampliadas as formas de expressão.

ORTOGRAFIA
Então, para se alterar a intensidade dos adjetivos, utiliza-se os prefixos in, plus e dupli da seguinte maneira:
- IN: significa negação. Exemplo: pode-se expressar a frase "aquele livro do Orwell r0x!" como "aquele livro do Orwell in-sux!".
- PLUS: para aumentar a intensidade do adjetivo. Exemplo: "esse jogo plus-rox!". Um correspondente em inglês seria "this game r0x hard!" ou em português, "esse jogo é muito bom!".
- DUPLI: só deve aparecer caso plus já tenha sido usado e serve para dobrar a intensidade do mesmo. Exemplo: "esse filme dupli-plus-sux!". Quer dizer algo como "esse filme é muito, muito ruim!" ou "that movie sux very hard!"

GRAMÁTICA
Os prefixos devem aparecer sempre separados por hífen e o mais perto do adjetivo na seguinte ordem: in, plus e dupli. Um exemplo que usa todos ao mesmo tempo: "esse álbum dupli-plus-in-sux!" e significa alguma coisa do tipo "esse álbum é exageradamente bom!".

ESCALA PROPRIAMENTE DITA
Indo de cima para baixo, a escala sugere o decrescimento de qualidade:

dupli-plus-r0x ou dupli-plus-in-sux
plus-r0x ou plus-in-sux
r0x ou in-sux
sux ou in-r0x
plus-sux ou plus-in-r0x
dupli-plus-sux ou dupli-plus-in-r0x

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

O "tio" do busão

Há muito tempo, peguei o ônibus dentro da faculdade para regressar a minha casa, como em todos os dias normais, por volta das onze da noite. Passando pela catraca, notei que todos os bancos da janela estavam ocupados, logo me sentei à esquerda de um senhor que aparentava ter de 55 a 60 anos, de cabelos grisalhos, longos e bagunçados (não era o Einstein) que folheava umas provas de física ou matemática com marcações de notas baixas.
Como sempre, estava despreocupado escutando música na época em meu discman (e devia ser Metal) quando comecei a ouvir uns grunhidos e uivos, os quais não conseguirei reproduzir pela escrita... Retirei o fone da orelha esquerda pra que o "tio" não percebesse que eu prestava atenção. Além dos barulhos, ele esfregava as mãos e balançava o tronco pra frente e pra trás na poltrona, quando começou a falar: eu vou surtar... eu vou surtar... eu vou surtaaaaaaarrrr!!!!!
Nunca vi cena tão enigmática... Ele começou a dar socos com as duas mãos no banco da frente. Eu não sabia o que fazer: levantar, pedir pra ele se acalmar, rir, ficar com medo ou continuar sentado como se nada estivesse ocorrendo. Decidi pela última opção. Os comportamentos das pessoas se dividiam entre os quais citei e quando olhavam pra mim, a minha única reação era de expressar somente com a face: "É verdade, eu não o conheço!" ou "Não, pessoal, não é o meu irmão mais velho".
O ritual do "tio" ainda se repetiu mais uma vez após um súbito acalmo de sua parte quando desceu do ônibus e encarou as pessoas dentro dele como se dissesse: o que estão olhando??? Tranqüilidade estabelecida, a moça que sentava à frente dele virou para trás assustada e, pra minha surpresa, era uma amiga de cursinho do ano anterior. "Pensei que ele ia me bater", ela disse. Ao mesmo tempo que fiquei com dó, achava tudo muito engraçado e ria incesantemente.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Metal

Divertia-me esses dias folheando o Dicionário de Termos e Expressões da Música de Henrique Autan Dourado, presente de uma grande amiga. Passeava por instrumentos de orquestra quando fui afunilando o assunto: cheguei aos de sopro e, finalmente, aos chamados metais. Foi então que a idéia brilhante surgiu: vou procurar por Metal!!!

heavy metal (inglês literal: metal pesado) Gênero de rock agressivo, sustentado por guitarras em altíssimo volume e cantado com gritos e uivos, cujas letras abordam temas violentos, drogas e sexo. Entre os expoentes precursores do heavy metal, Jimi Hendrix, Cream, The Who, Led Zeppelin, que abriram caminho para uma legião de seguidores, como o brasileiro Sepultura, conhecido internacionalmente.

Na hora, murchei. Pensei em como o senso comum toma a mente das pessoas e elas acreditam piamente no que ouvem falar ao invés de conhecer. Só faltam explicitar quando vêem um homem de preto com cabelos longos de seguidor do demônio.
Não é só gritaria ou barulho que sustenta o Metal; sim, existe peso e, com ele, composições ricas, grandes arranjos e ótimos instrumentistas. Os temas também variam: desde histórias de duendes e elfos até problemas psicológicos.
No entanto, é sempre melhor levar com bom humor! Pois, de qualquer forma, justiça será feita: pelo termo heavy metal, Dourado, sim, será castigado pelo Deus Metal; pelo restante, tenho certeza que o Deus Metal também demonstrará toda sua complacência: apesar da escorregada, o autor fez um bom trabalho.

O Pintor de Quadras*


Local: CEFET-SP
Ano: 2002

*Batizado por Hamilton Kuniochi

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Novela!!!

Cena 3
Era numa cidadezinha pequena que o garoto normal vivia e namorava a garota normal. Entretanto, eram muito jovens e a vida impõe certas "obrigações" pessoais a cada indivíduo; foi assim que ele se mudou para a cidade grande, a mesma onde vivem todos os outros personagens.
Ele ainda volta pra cidadezinha e encontra a moça. Ela é louca pra voltar, ele se sente tentado...
Cena da ponte
O momento da moça mais velha era de se apaixonar pelo garoto de vida pacata. Ele, por sua vez, se apaixonou pela garota linda e diferente no momento errado: quando ela começou a namorar o garoto normal.
Programa idiota de discussão de novelas que passa todas as tardes entrevistando o autor
Será que eles estão felizes? O cara mais velho perdeu quem amou de verdade, sem mais nem menos. A moça mais velha não vê reciprocidade do mesmo sentimento que tem pelo garoto diferente. O garoto diferente a adora, mas não consegue deixar de lado a paixão tão forte que o tomou por sua amiga. A garota linda, apesar de gostar do garoto normal, reclama pois ele não a aceita diferente do jeito que é. O cara normal, por gostar de moças normais, ainda lembra da garota normal e faz ciúme pra garota linda. A garota normal continua esperando. O pior: todos dizem haver chances com quem os admira, porém há sempre um outro motivo maior que não deixa acontecer de se combinarem.
Essa história não é nada original. Já se repetiu em tantas outras novelas. Porém, seus autores precisam fazer finais felizes pra contentar o público. Nesta, não haverá final feliz. Na verdade, nem final haverá. E creio que meus leitores se identificarão mais assim... A mesma pergunta que todos fazem é a que vai permanecer aqui: por que nunca dá certo? Não sei. Por isso, não tenho a menor pretenção de colocar um "The End", não acabará aqui. Só que também não sou eu quem vai contar o futuro. Dependerá do que cada um sentir, de seus atos, de suas vontades e do caminho que traçarem.
Do fundo de meu coração, compartilho o sentimento de cada um deles. Adoraria que a vida fosse mais fácil. E como gostaria. Dói em mim saber que ninguém é completo em sua história. Meu coração, como o deles, sofre com a situação. Só que, infelizmente, nunca consegui controlar o destino e não é agora que ele estará em minhas mãos, consiga eu ser feliz assim ou não...

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Fotos


Tem gente que não gosta de sair em fotos. Ficar posando, falando "x" até acertar, achar que tudo está artificial... E com o milagre da câmera digital, as poses são repetidas três, quatro vezes, até a telinha LCD mostrar que a última saiu realmente boa.
Então, essas que não gostam de sair em fotos, preferem bater fotos dos lugares por onde passam sem ninguém conhecido mesmo. "Que coisa sem graça não aparecer... como dizer que você passou por lá?" E daí? O importante não é aparecer; tirar fotos é bom pra se recordar um momento, pensar num dia especial, lembrar de alguma singularidade vista que talvez jamais aconteça de novo.
Uma amiga me mostrava fotos de São Vicente esses dias. Por fim, me mostrou duas lindas fotos ao cair da noite que estavam mais pra cartões postais: uma de um mirante e outra de uma ponte pênsil já iluminada em todo seu contorno. Depois me perguntou: sabe quem bateu? Respondi questionando se era ela. "Sim, foram as fotos mais bonitas que já bati." Junto com essa frase, dava pra sentir o brilho que carregava consigo sobre o dia que passara e sobre conseguir um olhar tão especial da cidade. É bem o tipo de pensamento que vagueia a mente e nos deixa somente a observar. E quando vamos guardar as fotos e voltar a pensar, o único esboço de pensamento é: não preciso pensar em nada, elas já dizem por si só.
Em minha primeira visita ao Rio de Janeiro, eu quis fotografar tudo o que via de bonito; enfim, não estou acostumado a passar por lá todos os dias. Depois de cinco dias de chuva intermitente, finalmente fui passear pela cidade: fez um sol para embelezar o lugar e não para torrar as pessoas. Melhor do que conhecer o que há de interessante na cidade maravilhosa foi passear com meus padrinhos, que adoro tanto, como guias-turísticos. Em qualquer ocasião, estar com eles é muito divertido, é muito bom. Aproveitando o momento, resolvi tirar essa foto (do Corcovado com visão para o Pão de Açúcar); ela é a metáfora perfeita de tudo o que aquele dia significou: foi uma das fotos mais bonitas que já bati.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Novela...

Confesso que é muito ruim fazer uma ponte entre o que já foi descrito e o que virá a acontecer com os personagens num "folhetim" de Internet do que pra uma rede Bobo de televisão, em que um resumo do capítulo anterior é apresentado.
Enfim, é preciso que se comece em alguma cena.
Cena 1:
Escolho então o cara mais velho e a moça mais velha. Mencionei que eram extremamente ligados. Sim, só não são casados no papel, compartilham de tudo. Problemática (existem seres na face da Terra que adoram essa palavra): a moça mais velha vive intensamente seu momento, se apaixona intensamente, ama intensamente; o cara mais velho ama intensamente, não existe nada além da moça mais velha que faça sentido pra ele. Vivem bem.
Ela passou do momento. Ele sabia que poderia acontecer. Entre amar e viver há diferença. Viviam bem.
Dói no cara mais velho, e como é difícil respeitar uma decisão dessas quando vê alguém que foi tão próximo se distanciar. Ele foi o único que a amou de verdade. Pior: continua amando.
Cena 2:
A garota linda e diferente é uma das melhores amigas do garoto diferente de vida pacata, há muito tempo. Mas vivem vidas que não se aproximam, nunca se aproximaram. Nenhum dos dois tiveram sorte com relacionamentos. Por que não se aproximam? Houve uma época que ele tirou a sorte grande, quando ela talvez fosse apaixonada por ele. Só que a sorte grande acabou. Por que não se aproximam? Dessa vez, ela tirou a sorte grande, justamente quando ele se apaixonou por ela.
Ela quis muito tirar a sorte grande com a pessoa que namora hoje. Mas não queria magoar o "amigo" que tanto é parecido com ela. Não adiantou: dói no garoto diferente de vida pacata saber que existiam tantas chances e que escorregaram entre seus dedos.
Fato: sempre pôde dar certo. Entretanto, se o tempo cura tudo, foi ele quem conseguiu destruir.
Intervalo

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Arte Digital

Não muito distante do post de criação, recordei-me do dia em que pensava em arte digital. O que viria a ser? Bem, uma concepção minha seria algo que é criado no mundo da Internet e que não é publicado em livros, revistas, não seja exposto "realmente" numa galeria de arte... Digamos que algo totalmente suscetível ao tempo, que pode perder o sentido de um dia pro outro. E a criação, muitas vezes genial, acaba desaparecendo num piscar de olhos, e quem não a viu enquanto estava no ar, nunca mais terá chance de apreciar; mais: nunca saberá que existiu um artista que um dia sem querer pensar criou algo tão diferente, entretanto tão passageiro. Motivo pra começar a pensar nisso: mais uma vez o orkut foi responsável...
Pode parecer idiota para qualquer internauta o que postarei nas próximas linhas, porém pode começar a fazer sentido pra quem tiver a paciência de ler.
"O orkut é uma página de internet criada pela empresa Google e tem como objetivo aproximar as pessoas com quem um indivíduo se relaciona socialmente. Como? Nesta página, cada pessoa faz um cadastro colocando informações pessoais que serão visíveis por todos que se cadastrarem e poderá ver também as informações de outros usuários. É possível conhecer pessoas novas e encontrar amigos; querendo escrever algo para a pessoa desejada, basta passar em sua página de recados e deixar um comentário (também visível por quem passar por ali) e a pessoa lerá da próxima vez que acessar o site, como se fosse um e-mail, só que público."
Explicado o que é o orkut, podemos falar de um modismo que se apossou desta rede de relacionamentos: as conversas por "páginas de recados". Eis que uma pessoa que logou no site recentemente encontra um amigão que também logou recentemente e elas começam a deixar recados umas pras outras em pequenos espaços de tempo, parecendo que estão usando algum programa de mensagens intantâneas.
Então, aparece de tudo: conversas confidencias, besteiras, coisas sem sentido, palavras jogadas, enfim, uma salada, ou melhor, uma sopa de letrinhas.
Tudo bem detalhado até agora, chegamos à parte interessante. Visitando a página de um amigo (não preciso dizer quem é, apesar de muito especial... vou chamá-lo somente de Henrique), reparei em sua página de recados, recados pra ele mesmo. Detalhe: não era só um, não era um lembrete, não era uma simples expressão de estado de espírito (como muitas vezes eu mesmo costumo fazer); era uma conversa. Vou postá-la na íntegra, já em ordem de cima pra baixo:
"
18h13min: Oi Henrique, como vai?
18h16min: Tudo bem, e você?
18h17min: Vamos levando, sabe como são as coisas, né?
18h17min: Ah, essa vida... essa vida...
18h17min: E aí, o que faz por aqui, no meu orkut?
18h18min: Ah, estava sem nada pra fazer, aí resolver ter uma conversa comigo mesmo!
18h19min: Mas... pelo orkut? Não entendi!
18h20min: Ah, é que eu sou o Henrique moderno. E hoje em dia, o que está na moda é conversar pelo orkut, porque aí todo mundo pode ver. Bom, é isso que parece pra mim.
18h23min: Ah, tá. Puta negócio estranho. Sei lá... Bom, desculpa interromper nossa conversa: como sempre, mas eu sou o Henrique não-moderno, não-comunicativo. Essa conversa já me encheu o saco. Vou dormir.
18h24min: Ok, vai lá, eu vou continuar aqui conversando com várias gatinhas! Hehehehehe
"
Batizado por ele mesmo como "uma conversa do eu com o eu contemporâneo", esse diálogo despertaria o riso de qualquer indivíduo que passasse por aquela página enquanto ele se mantivesse na primeira página. Criativo? Demais. Como uma outra amiga diria, é uma nova maneira de aposentar o espelho.
Infelizmente, do mesmo jeito que a criatividade emerge rapidamente na Internet, ela desaparece de uma hora pra outra. Antigamente, mesmo que não fosse publicado, um autor rascunhava algo em um papel e, um dia, poderia vir a ser importante. Atualmente, neste mundo virtual, nada é guardado.
No próprio orkut, onde pessoas expõem o que sentem em algum momento, podem muito bem, por alguma coisa ruim (geralmente relacionamentos que terminam), apagar milhares de histórias interessantes que fizeram parte de sua vida.
Um pouco mais difícil de acontecer: e se o orkut sumisse? Ou perdesse a popularidade? Por mais sólido que algo se torne virtualmente, isso é possível. No passado, todos conversavam via ICQ (há internautas que nem façam idéia do que é), até que surgiu o MSN, e que pode ser "exilado" com o aparecimento recente do Google Talk. Caso aconteça com o orkut, a criação desse amigo não teria mais sentido, ficaria fora de contexto. Mesmo explicado direitinho nesse post, o diálogo não teria o mesmo impacto como teve pra quem passou naquela página em tais dias.
Essa conversa postada há três parágrafos, não sei por qual motivo, não existe mais. Foi colocada aqui por eu ter tido a sorte de vê-la na hora certa e guardá-la pra mim.
Então, fica essa pergunta, e espero que ela não desapareça tão rapidamente pra que alguém possa pensar numa sugestão para uma possível solução: como se guardar ou manter importante a arte digital?

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Descobertas

Praia Grande em época de férias, noite, tempo quente, relacionamento duradouro e amor eterno de somente três dias. Deitados na praia a observar a lua cheia e as estrelas.
- E aquela é a Ursa Maior.
- Tão bonito seu jeito.
- Que isso...
- ...
- Sabe, queria fugir pra um lugar que fosse só nosso...
- Eu também.
- Maybe you and I can pack our bags and hit the sky and fly away from here, anywhere, I don't care... we'll just fly away from here, our hopes and dreams are out there somewhere... won't let time pass us by, we'll just fly...
- Nossa...
- Bonito, né?
- Na verdade, não sei...
- O que foi?
- É que fiquei impressionada.
- Por quê?
- Cara, você canta em inglês!!!

Novela???

Era uma vez um garoto de vida pacata apesar de viver numa grande metrópole que era um pouco diferente dos garotos de sua idade. Diferente por gostar de coisas que nem todos gostam, por apreciar coisas que nem todos apreciam, por reparar em coisas que nem todos reparam, por sonhar com coisas que nem todos sonham.
Era uma vez uma garota linda, também diferente pras garotas de sua idade, que é a mesma do garoto de vida pacata. Gosta de coisas que nem todos gostam, aprecia coisas que nem todos apreciam, repara em coisas que nem todos reparam, sonha com coisas que nem todos sonham.
Coincidência... eles são parecidos em certos aspectos. Não é à toa que são grandes amigos.
Era outra vez um garoto mais normal, que gosta do que todos gostam, aprecia coisas que todos apreciam, repara em coisas que todos reparam, sonha com coisas que todos sonham.
Era outra vez, uma garota também mais normal, que gosta do que todos gostam, aprecia coisas que todos apreciam, repara em coisas que todos reparam, sonha com coisas que todos sonham.
Coincidência... eles também são parecidos em certos aspectos. Justamente por isso que se dão muito bem.
Era uma outra vez ainda uma garota pouquíssima coisa mais velha que gosta de coisas que nem todos gostam mas que também gosta de coisas que todos gostam, aprecia coisas que nem todos apreciam mas que também aprecia coisas que todos apreciam, repara em coisas que nem todos reparam mas que também repara em coisas que todos reparam, sonha com coisas que nem todos sonham mas que também sonha com coisas que todos sonham.
Era uma outra vez ainda um cara um pouco mais velho (vamos mudar um pouco) que gosta de coisas que nem todos gostam mas que também gosta de coisas que todos gostam, aprecia coisas que nem todos apreciam mas que também aprecia coisas que todos apreciam, repara em coisas que nem todos reparam mas que também repara em coisas que todos reparam, sonha com coisas que nem todos sonham mas que também sonha com coisas que todos sonham.
Coincidência... tirando a idade, se bem que elas se aproximam, eles também têm muita coisa em comum. E é óbvio que são pessoas extremamente ligadas.
Tudo ótimo, tudo perfeito: três casais que nasceram pra serem formados e viverem felizes pra sempre. Tudo ótimo, tudo perfeito? Esquecemos de um detalhe: o título do post é "Novela???". E se somente foi apresentado a descrição de cada personagem, isso significa que ela só está começando! Bem, pode ser que muitos já façam uma idéia do que vai acontecer, como em todas as histórias que se passam em grandes emissoras... mas é necessário certo suspense. O que será que o autor dessa história vai querer contar detalhando os personagens principais e introduzindo uma certa trama? Pode ser que não exista nada de original... ou não. Como saber? Não percam o próximo capítulo...