domingo, 17 de janeiro de 2016

Em branco

Não espero abrigo
Do frio, do vento e da chuva.
Continuo a sentar ao lado do rio
Contando os pedaços de gelo
Acumulados às margens
Que transformam toda paisagem
Em branco.

E sem perceber a mudança,
Não há mais distância no horizonte.
A névoa já abraça toda cena
E as gotas da chuva não pesam mais.
Somente voam pousando na ponta do nariz
Transformando o que sobrou de mim
Em branco.

Aqui percebo que a minha vida
É como a névoa gelada que toma tudo por completo
É como o rio imóvel sem reflexo no inverno
É como essa neve fina, substancial
Que anseio de agarrar
Sentir sua delicadeza na palma da mão
Mas que, como sempre, perco a vontade
É fria demais,
A vida é fria demais...

E assim sigo,
Calmo e condescente,
Inerte,
A assistir
À névoa, ao rio, à neve... e à vida
Passando...
Em branco.