segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

domingo, 25 de dezembro de 2011

Livre-arbítrio

Somos escravos dos nossos próprios corações, dos nossos próprios sentimentos.
E se ainda tivermos o discernimento para nos separarmos deles,
Seremos escravos de nossas próprias mentes.
E mesmo assim, se tentarmos, tentarmos, tentarmos...
Se nos separarmos das nossas próprias idéias,
Seremos escravos da loucura, da insanidade, do nosso próprio livre-arbítrio.
Tornaremo-nos escravos dos outros.
Ter lívre-arbítrio não é ter liberdade para fazer o que queremos,
Ter livre-arbítrio é não ter liberdade nenhuma.
Se é que a palavra liberdade pode realmente ser sentida ou vivida ou pensada.
A liberdade já começa presa na sua própria definição.
E se no ápice da insanidade tentarmos alcançá-la, alcançaremos somente a morte.
Porque nada pode ser livre completamente
Nem na vida cuja única certeza é a morte
Nem na morte cuja única liberdade é a vida.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sexo

- Você sabe por que o dia do sexo é em 6 de setembro?
- Não faço idéia...
- Será porque é 6 do 9? 69...
- Faz sentido... Ah, sabe que na minha faculdade, o número da sessão de alunos é 6924?
- Hahaha! Sério? Não dá pra esquecer, né?
- Acontecia às vezes de rolar um troca-troca só!
- Como assim?!
- Pensar que era 2469!
- Verdade! Mas e aí? O que você faz pra lembrar?
- É só pensar que vem na ordem natural: 69 24!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Satisfação

Acho que ficaria feliz se um dia virasse pocket book.
Todo mundo que disse qualquer coisa que fez sentido virou.
E todo mundo que procurou um sentido teve um pocket book.
Eu já tive um pocket book.
Isso significaria que alguém um dia me viu um sentido.
E bem que eu poderia estar vivo, né?
Não por causa do dinheiro...
Porque existiria a chance de encontrar essa pessoa
E, já que eu nunca encontrei o sentido,
Ela bem poderia me contar qual é!

Resolução

Há muito pensei em abandonar
O verso e a prosa e o romance e os contos,
Há muito que eu não escrevia
E nem tinha vontade.
Mentira.
Eu tinha.
Só achei que não podia.
E se eu não podia, eu não escrevia.
Acontece que fui fadado a ser contente.
A alegria pirilimpimpim...
E a felicidade lariradirá...
Mas a verdade é que sou triste.
Simples assim. Pronto.
Ponto.
Falei.
E me sinto melhor. Sou triste.
Sou triste e não sou poeta.
Ainda que fosse não seria.
E, pelo amor de Deus, se é que Deus existe,
Se não sou poeta, pelo menos deixe-me ser triste.
Fernando e Cecília eram. Eram poetas.
Então deixe-me igualar a eles pelo menos na tristeza.
Porque assim, mesmo que não poeta, pelo menos poderei escrever.
Porque - e repare na deselegante ironia - é possível
Cantar a alegria cantando-se um fado?
Já que mais cedo ou mais tarde morreria de morte morrida,
Calado,
Com nós na garganda e papas na língua,
Preferi morrer de morte matada: sem fado algum.
O que eu era acreditava em uma continuação e o que sobrou
Acredita que seremos só cinza e pó. E vento. E fumaça. Vulcânica.
Carbono.
Adubo.
Mas... vai que?
E então, nasceria limpo. E talvez fosse feliz...
Porque estaria leve, porque um dia escrevi.
E seria belo. E seria um cravo. E lutaria pela rosa - de novo.
É dos corpos que crescem as flores.
E tudo voltaria à ordem normal. E o fado seria triste
Como nunca deveria ter deixado de ser.

Se um dia...

Se um dia eu tiver tremeliques
Vou culpar o fogo que aqui queimava
Os músculos e olhos e ouvidos e cabelos
E sentidos à flor da pele

E vão pensar que é frio
Que é suadouro, que é doença
Toque, tique, mania, loucura... tremelique...

Se um dia eu ficar surdo
Vou culpar as notas que aqui cantavam
A melancolia e a solidão e o desespero e o lamento
E os berros das já emudecidas cordas vocais

E vão pensar que é idade
Que é velhice, que é cera
Desgosto, desastre, chiado, volume... surdez...

Mas se um dia eu ficar cego
Vou culpar você que sempre ali esteve
E não vinha e não falava e não mostrava e não olhava
E não amava

E vão pensar que é catarata
Que é normal, que é deficiência
Beleza, ironia, negação, inconformismo,
Desistência, abandono, cansaço, amor... cegueira...

Dizem que os olhos são as janelas da alma.
Então a cegueira é as cortinas da esperança.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Quem sabe?

Difícil mesmo é saber que existem
os que acreditam na mentira
e os que não acreditam na verdade.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Feriado Vietnamita

- Amanhã é feriado!
- Pois é! Só fiquei sabendo ontem!
- Como assim? Feriado é sagrado!
- Percebi por causa de uns detalhes só que ele já estava logo ali!
- Como a África do Sul, segundo o Vanucci? Logo ali?
- É! Logo ali! Como o Suriname também!
- Vou te contar uma coisa: o Suriname não está na África. Pasme...
- Como não? Sempre achei que estivesse!
- Pois é, não está...
- Bem, pelo menos ainda não tiraram o Papa do Vietnã! Eu iria ficar decepcionadíssima se eu estivesse errada sobre isso também!

domingo, 29 de maio de 2011

Saudável!

- Nossa, até esqueci de escovar os dentes hoje...
- Também, a gente não parou de comer!
- Tudo bem, faz bem pra engordar!
- Já que faz bem pra engordar, a gente precisa pelo menos fazer um exercício físico. Caminhar, por exemplo.
- Ah não... aí vai fazer mal para o sedentarismo!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Caminho certo

- Cara, preciso de um favor.
- Pode falar.
- Eu coloquei um negócio no nosso sistema, preciso que você confirme, ok?
- Tudo bem.

Meia hora depois...

- E aí, cara? Conseguiu confirmar o que pedi?
- Hmmm... não...
- Mas tentou, pelo menos?
- Não...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Beirute

- Boa tarde, senhor. Já sabe o que vai pedir?
- Sim. Gostaria de um misto quente no pão sírio.
- Não temos, senhor. No pão sírio só vamos ter beirute.
- E como é esse beirute aí?
- Muito bem servido, senhor! Presunto, queijo, alface e tomate!
- Serve. Manda um desse. Sem alface e sem tomate, por favor!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Troço Raro

O aluno mais palhaço da sala entra e vai escolhendo seu lugar de hoje. Marcos, sem tirar seus fones de ouvido, começa a rir antes mesmo dele chegar.
- E aí, Marcos? Beleza?
- Tudo bem. E você?
- Pronto para dar umas risadas!
- Não é só você!
- Você gosta tanto de música assim? Nem tirou os fones...
- Posso dizer que sim.
- O que você tá ouvindo?
- Minha banda predileta.
- Deixa eu ver o que é.

Marcos entrega seus dois fones. Só não esperava o estalar de dedos e a cara de intriga...

- Isso é...
- Ahn...
- Hmmm... isso é Procol Harum!
- Cara, se você fosse uma mina eu te comia!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Bin Laden

- Bin Laden, hein?
- Pois é.
- Já tem outro pra assumir, parece que é médico. Bin Laden era médico.
- É mesmo?
Che Guevara também era.
- E Fidel também.
- Será que médico é tudo louco?
- Ô raça.
- Ô raça.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Abandonado

- Estava mostrando "Abandoned" do "Kamelot" para ela. Sabe o vídeo de um show ao vivo que eles gravaram?
- Sei sim, gosto pra caramba. Aliás, essa música é muito bonita. Eu me emociono. Mesmo que a pessoa não goste, no mínimo, essa música merece respeito.
- Pois é, é o que eu acho também!
- Mas e aí?
- Aí que, na parte quando entra a Mari Youngblood, ela me solta: que vestidinho mais brega!
- Nuuuooosss...
- Foi exatamente o que pensei... meu, não tô nem aí pro vestido dela. Nem nunca estive... na verdade, nem tinha reparado.
- Ela não percebeu que era algo muito maior em questão, né?
- Não.
- E aí? O que você falou?
- Nada.
- Nada? Não valia a pena, né?
- Nada... Não falei nada por uma hora...
- Sério? Ficou puto?
- Muito.
- E depois da uma hora?
- Depois eu falei.
- Hahaha! Mas o quê?
- Que ela era uma insensível!

Gargalhada entre os dois amigos.

- E depois disso? Como ela reagiu?
- Não lembro mais, mas também não importa. Concorda?
- Claro!
- Eu me senti muuuuuito melhor!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Carta a um amigo

Eu sei que há muito tempo não o vejo e que há muito tempo não tenho suas notícias.
Gostaria de pedir desculpas por estas palavras que lhe devo, mas a culpa é sua.
Não, isso não é uma acusação. É somente um desabafo por você fazer tanta falta.
Sinto falta das risadas, das piadas com sentido e sem sentido,
Das piadas com sentido e sem graça e das piadas sem sentido que caíamos no chão de tanto rir,
Dos papos sobre as mulheres, sobre os sentimentos,
Sobre a profundidade da alma e a amplitude das filosofias.
Sinto falta de falar sobre os filmes que você tanto me contava, sobre as músicas que eu conhecia,
Dos livros, das artes, da cultura...
Lembro das coisas que só podia aprender com você e constato que hoje já não aprendo mais nada disso.
Sinto falta da sua alegria mesmo na busca por respostas que deixavam você olhando inerte para o nada... e dos poemas...
E hoje, percebo que você se apagou. Ou o apagaram. Por quê?
Na saudade, busquei pelos seus textos, suas referências, mas não sobrou mais nada.
Todos na vida já se arrependeram, mas apagar o passado não nos faz outra pessoa
Nem aos nossos olhos nem aos olhos dos que nos querem e muito menos ao olhos dos que não nos querem
Por sorte, eu ainda os tinha. Por uma falha ou por destino, só não sei ao certo.
Só sei que fiquei feliz ao relê-los porque pra mim, não somos o agora ou fomos o ontem ou seremos o amanhã.
Pra mim existimos, somos. Somos essência.
Por mais que você não siga mais algo hoje, ao lembrar, você se identifica. Com o sim ou com o não. E nostalgia-se. Essência.
E espero que nos encontremos em breve. Espero que você me responda, que esteja perto que ainda acredite no mundo, nas pessoas...
E que saiba que ainda tem um amigo.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Chuva

A temperatura já estava mais amena no fim da tarde
Quando, deitado no chão, contemplava o céu
Nem tão azul, mas já não tão limpo,
Me perdendo por entre memórias
Das quais ainda gostaria de viver,
Das quais ainda vivo.
E o céu, parecendo saber de mim, escureceu.
E eu me vi nele
Ao mesmo tempo que agarrava minhas queridas lembranças.
E então caiu o primeiro pingo. Só o primeiro.
Suficiente para me fazer esquecer a tristeza
Onde me encontrava por pelo menos um segundo!
Mas memória que é memória,
É insistente, sempre volta.
E a minha já estava lá,
Tão para mim como eu ainda a queria.
E veio o segundo pingo.
E a memória partiu e chegou...
E o terceiro, só que mais rápido. E o quarto.
A memória já não voltava mais
Enquanto eu perdia a conta.
O quinto, o sexto... e todos já eram um.
Continuei deitado com os olhos fechados
Ouvindo o que não era mais um estalo do gotejar,
O que se tornava o chiado das águas que corriam
Sem me deixar lembrar de nada,
Que borravam meus pensamentos
Com sua fina, distorcida e transparente película.
Melancolia que é melancolia não se vai,
Mas alívio que é alívio chega.
E agora eu só desejo a chuva...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Hoje é dia!

- Hoje é dia, hein?
- Dia do quê?
- Dia de tomar umas...
- Tomar umas?
- Tomar umas três...
- Três? Aí sim, hein?
- Umas três dúzias!
- Ô louco...
- Três dúzias de caixa!

o.O