A temperatura já estava mais amena no fim da tarde
Quando, deitado no chão, contemplava o céu
Nem tão azul, mas já não tão limpo,
Me perdendo por entre memórias
Das quais ainda gostaria de viver,
Das quais ainda vivo.
E o céu, parecendo saber de mim, escureceu.
E eu me vi nele
Ao mesmo tempo que agarrava minhas queridas lembranças.
E então caiu o primeiro pingo. Só o primeiro.
Suficiente para me fazer esquecer a tristeza
Onde me encontrava por pelo menos um segundo!
Mas memória que é memória,
É insistente, sempre volta.
E a minha já estava lá,
Tão para mim como eu ainda a queria.
E veio o segundo pingo.
E a memória partiu e chegou...
E o terceiro, só que mais rápido. E o quarto.
A memória já não voltava mais
Enquanto eu perdia a conta.
O quinto, o sexto... e todos já eram um.
Continuei deitado com os olhos fechados
Ouvindo o que não era mais um estalo do gotejar,
O que se tornava o chiado das águas que corriam
Sem me deixar lembrar de nada,
Que borravam meus pensamentos
Com sua fina, distorcida e transparente película.
Melancolia que é melancolia não se vai,
Mas alívio que é alívio chega.
E agora eu só desejo a chuva...