sábado, 12 de fevereiro de 2011

Chuva

A temperatura já estava mais amena no fim da tarde
Quando, deitado no chão, contemplava o céu
Nem tão azul, mas já não tão limpo,
Me perdendo por entre memórias
Das quais ainda gostaria de viver,
Das quais ainda vivo.
E o céu, parecendo saber de mim, escureceu.
E eu me vi nele
Ao mesmo tempo que agarrava minhas queridas lembranças.
E então caiu o primeiro pingo. Só o primeiro.
Suficiente para me fazer esquecer a tristeza
Onde me encontrava por pelo menos um segundo!
Mas memória que é memória,
É insistente, sempre volta.
E a minha já estava lá,
Tão para mim como eu ainda a queria.
E veio o segundo pingo.
E a memória partiu e chegou...
E o terceiro, só que mais rápido. E o quarto.
A memória já não voltava mais
Enquanto eu perdia a conta.
O quinto, o sexto... e todos já eram um.
Continuei deitado com os olhos fechados
Ouvindo o que não era mais um estalo do gotejar,
O que se tornava o chiado das águas que corriam
Sem me deixar lembrar de nada,
Que borravam meus pensamentos
Com sua fina, distorcida e transparente película.
Melancolia que é melancolia não se vai,
Mas alívio que é alívio chega.
E agora eu só desejo a chuva...

Um comentário:

Amanda N. disse...

"Melancolia que é melancolia não se vai."

Endless rain, let me stay, evermore in your heart
Let my heart take in your tears, take in your memories...

Endless rain, fall on my heart, kokoro no kizu ni...